Durante os anos
que passei refletindo sobre a maternidade, criei uma convicção de que nasci
para ser mãe. Entendo que a vida é uma espécie de corrida de revezamento. Os
que agora recebem o bastão amanhã terão que passá-lo e essa sucessão de
passagens deve se perpetuar. Não tive condições de perceber que os meus anos de
infância e juventude eram um tempo de preparação, para mais tarde amparar
outros seres que viessem depois de mim. Se tivesse conseguido me dar conta
disso mais cedo, teria aproveitado melhor as oportunidades para me capacitar.
Depois de me
tornar adulta, essa visão do meu papel humanista se tornou óbvio. Com meu novo olhar,
vejo que todos os dias que vivi foram para recolher os elementos que as
experiências me entregaram, a fim de que servissem como as ferramentas de
ensino que aplicarei sobre os próximos que irão me substituir. Compreendo que a
docência não deveria ser uma tarefa exclusiva dos professores. Cada pessoa
deveria se esmerar para se constituir em exemplo para os demais.
Eu não quero
que a humanidade acabe. Penso que as coisas podem melhorar se nós trabalharmos
no sentido do bem. Sim, é esta condição de humana que me faz errar muitas
vezes, por causa da minha ignorância, das minhas falhas e defeitos, mas também
é esta condição que me permite adquirir o conhecimento, que vai gradualmente
preenchendo as lacunas internas e consertando as deformidades morais. E que felicidade
é entalhar a própria imagem, polindo a escultura.
Identificar a
posição que ocupo dentro de um panorama dessa magnitude leva-me a sentir uma
profunda gratidão aos que me antecederam e permitiram que eu estivesse hoje me
beneficiando dos valores que me cercam. Por isso, eu não poderia ter outra
vontade que não fosse a de retribuir ao Universo aquilo que ele tem me dado em
abundância, dispondo-me a ser uma colaboradora de sua grande obra. E a forma
que tenho para prestar essa colaboração é permitindo que, através do meu
empenho e dedicação, outros seres possam continuar seguindo suas marchas evolutivas,
desfrutando, ao longo delas, a mesma felicidade que tenho desfrutado ao longo
da minha.
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