sábado, 24 de dezembro de 2016

ALÉM DA MATÉRIA

Querido filho, surpreendo-me com a revolução que você continua a causar desde que começou a crescer dentro do meu útero. A alegria permanece se expandindo, como resultado de tantas conquistas que tenho realizado com a sua ajuda. O que me levou a querer ser mãe foi a vontade de conhecer um sentimento superior a todos os que já havia experimentado. Não medi esforços no estudo e no preparo para a sua chegada, a fim de me transformar numa pessoa melhor do que era, pois somente assim teria condições de ensinar uma criança a ser tão feliz quanto eu desejava que você fosse.

À medida que você se aproximava, surgiam emoções sublimes, até eu chegar num ponto do caminho no qual acreditei que apenas um lindo bebê nos braços poderia ser a justa retribuição por todo o meu trabalho. Foi então que você partiu, trazendo-me a necessidade de mergulhar na região mais inexplorada e misteriosa do meu interno. Para suportar sua morte, tive que procurar respostas que não estão em nenhuma outra parte que não seja no fundo da alma. Viajando até esse território tão escondido e sagrado do ser humano, eis que me descubro uma mulher extremamente abençoada, pois ali acessei a grande verdade da nossa existência, que se mantém oculta para todos os que não aprenderam a enxergar com o coração.

Sem o estímulo criado pela sua partida física, talvez eu nunca viesse a penetrar no maravilhoso mundo que há além da matéria. Um mundo que só pude atingir porque meu amor por você me guiou a te buscar nele. E olha que agradável surpresa eu tive, quando no mesmo lugar onde ocorreu o nosso reencontro, também encontrei a Deus e a mim mesma. Digo a todas as pessoas que a minha experiência com a maternidade é recompensadora. Poucos conseguem me compreender. Como posso dizer uma coisa dessas, se meu filho não está comigo? Aí é que reside o segredo! Para quem pensa que a vida é um mero mecanismo biológico, minha frase não faz sentido.

Mas como você ultrapassa aquele corpo que lhe serviu de abrigo temporário, o perecimento dele não fez com que eu te perdesse. E ainda por cima ganhei algo que não tinha antes: o contato com a eternidade da Criação.

Um abraço carinhoso da sua mãe,
Flavia Camargo.


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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

OUTRA ESCALA DE TEMPO

A página do grupo Do Luto à Luta: Apoio à Perda Gestacional e Neonatal publicou minha carta para o Igor:


"Querido filho,
A saudade está sempre presente dentro de mim. Há momentos em que ela se manifesta como uma lembrança agradável da gravidez, fazendo-me sorrir com a sensação de reviver aqueles dias. E há os momentos, menos frequentes, em que ela se apresenta de uma forma mais difícil, trazendo-me a tristeza de saber que terminaram as possibilidades do nosso contato físico.
À medida que o tempo passa, a recordação se torna cada vez mais leve e prazerosa. E isso se deve ao fato de que, numa das ocasiões em que a dor me visitou, eu fiz uma reflexão que me ajudou a driblar os pensamentos ruins. Então, agora procuro repeti-la quando preciso. Nessa reflexão, comparei a nossa relação com a relação que tenho com outras pessoas da família com as quais também me sinto bastante vinculada.
Observei que não vivo grudada nessas pessoas. Apesar de nos amarmos muito, não trabalhamos nos mesmos locais e com alguns não moro junto. Passamos várias horas longe. E quando estou na minha casa ou na minha mesa do escritório, não existe a menor necessidade de ficar com medo de elas terem ido embora ou desaparecido. Nossa distância não me causa angústia, medo, nem desespero, porque sei que se trata de uma separação circunstancial. Estamos separados apenas por termos tarefas diferentes a cumprir. E quando elas estiverem concluídas, vamos nos ver de novo. Sei que o amor que sentimos é o responsável por nos atrair. Portanto, é lógico que, no instante em que nossas atividades terminarem, procuraremos um abrigo comum e lá ocorrerá o reencontro.
Assim, penso que é a mesma coisa com você! Só que em outra escala de tempo. A existência espiritual é eterna e nessa natureza a dimensão do tempo é muito mais ampla. Nossa natureza física nos atrapalha a lidar com essa dimensão tão grande. Mas, quando tento olhar para a situação com a perspectiva do espírito, meu coração se acalma. Posso continuar cumprindo minhas tarefas com tranquilidade, com a certeza de que não nos perdemos. Só estamos esperando a oportunidade de voltarmos um para o outro, assim que for possível.
Beijinhos da mamãe,
Flavia Camargo. 27/10/16"

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

100 SEMANAS

Dia 07/12/2016 completam-se exatos:
- 100 semanas
- 700 dias
- 1 anos e 11 meses
que o Igor nasceu.

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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

MESMO VALOR

Fiquei perplexa com a quantidade de pessoas que revelaram para mim a sua crença de que ter outro filho funciona como uma solução mágica para a dor. Como dezenas de pessoas me falaram a mesma coisa, cheguei a me perguntar se isso não seria a coisa certa a se dizer e, na verdade, eu é que era a errada de não gostar de ouvir. Mas, passados alguns meses, comecei a ter contato com outras mães que passaram pela perda gestacional ou neonatal e descobri que todas eram unânimes em dizer que também não gostavam de tal atitude. Considero fundamental que a sociedade se conscientize de que os filhos, para seus pais, possuem o mesmo valor, independentemente do fato de ainda estarem dentro do ventre, de serem recém-nascidos ou de terem conseguido viver dez, vinte ou oitenta anos.

Por que a idade seria um fator determinante para que os pais confiram mais ou menos valor a um filho? Se ninguém diria a uma mãe, durante o velório de seu filho de trinta anos: “Não fique triste, você vai ter outro”, isso também não deveria ser dito a quem perdeu um bebê. Antes de perder meu bebê, talvez eu não percebesse essa realidade, mas hoje não tenho mais a menor dúvida de que não há diferença entre o amor por um filho de poucos ou muitos anos de vida. Negar reconhecimento a essa dor para quem passou menos tempo junto do filho é uma atitude que aumenta o sofrimento dos pais. Portanto, hoje me sinto em condições de afirmar, sem medo, que, se alguém tiver a intenção de consolar um pai ou uma mãe, nunca deverá falar que em breve a pessoa terá outro filho. Não importa a idade com que o filho morreu.

“Lamento muito”, ou “pode contar comigo para o que precisar”, são expressões maravilhosas. Sempre serão bem-vindas. Mas dizer que a pessoa vai ter outro filho é a pior coisa que pode ser feita, pois essa frase soa, para os pais, como um insulto à memória de quem partiu, na medida em que faz parecer que é possível realizar uma substituição, e isso definitivamente não acontece. Todos deveriam saber que quando uma mãe e um pai choram pela partida do filho, eles não estão chorando porque ficaram sem filho, mas porque ficaram sem aquele filho. Outro filho não vai resolver o seu problema, porque não será o mesmo.

Não estou querendo defender que então não existe solução para a dor dos pais de bebês e que devemos deixá-los chorando para sempre. Existe solução sim, da mesma forma que existe solução para a dor das pessoas que perdem filhos adultos, que perdem cônjuges, pais, irmãos, avós, ou qualquer outro ente querido. Só acho importante esclarecer que a solução para a dor dos pais de bebês que morreram não é a troca de um bebê por outro, da mesma forma que a solução para a dor de um filho não é a troca de sua mãe por outra.

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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

NOSSA MÚSICA

Quando pensamos que a vida é eterna, a morte não é o fim. Ela é uma pausa. E pausas não põem término a nada, são simplesmente intervalos. Como a própria palavra indica, uma pausa apenas separa duas coisas iguais, de modo que, depois da pausa, sucede o retorno do estado anterior. E é assim que vejo a partida do meu filho. Nosso vínculo não se desfez. Ocorre, porém, que, como em qualquer vínculo, existem momentos de maior proximidade, e outros em que nos distanciamos da pessoa sem, no entanto, perder a vinculação com ela. Se fôssemos obrigados a ficar grudados, não seria vínculo, mas prisão. Vínculo pressupõe liberdade, elasticidade, adaptação.

Dessa forma, assim como os sons podem ser intercalados com as pausas, sem impedir que a música continue existindo, as proximidades podem ser intercaladas com os distanciamentos, sem impedir que o vínculo continue existindo. Aliás, para sermos exatamente fiéis ao conceito, precisamos inclusive ressaltar que as coisas funcionam de modo contrário. A pausa não é um elemento estranho, que pode ser tolerado dentro da música, sem que ela se desnaturalize. Na verdade, a pausa é um elemento essencial da música, sem o qual ela não poderia existir.

De acordo com a definição do dicionário, música é a arte de combinar harmonicamente uma sequência de sons de modo agradável ao ouvido. A música, como arte, cumpre o papel de nos encantar, deleitar a nossa alma. Fazendo uma analogia, podemos considerar que amor é a arte de combinar harmonicamente uma sequência de encontros de modo agradável ao coração. O amor, como a arte mais importante da vida, cumpre o papel de nos elevar, aperfeiçoar o nosso espírito.

Pensando nos vínculos existenciais como músicas e cada etapa de vida, em que as pessoas vinculadas se encontram, como notas, a morte cumpre a função de pausa, que não pode ficar de fora da construção dessa maravilhosa melodia do amor. Uma morte em idade avançada equivale a uma pausa curta, enquanto uma morte prematura seria o equivalente a uma pausa longa. E nós sabemos que nas músicas as pausas não possuem sempre a mesma duração. Algumas vezes, a pausa precisa ser maior ou menor que as outras, para se ajustar ao ritmo da melodia à qual pertence. Procuro pensar que a morte do Igor apenas colocou um intervalo dentro da música que representa a nossa união. O último silêncio que se interpôs entre nós não compromete a harmonização da sinfonia que estamos executando juntos, pois ele é apenas uma das muitas pausas que intercalam muitas outras notas que vieram antes e ainda virão depois. 

No dia em que esses tempos de proximidade e distância se transformarem em sons e pausas, e eu puder ouvir com meus sentidos espirituais a música formada pelos encontros e separações que se alternaram dentro do nosso vínculo existencial, perceberei que essa pausa que estamos vivendo agora se encaixa dentro da nossa melodia, sem modificar seu valor. Com a mesma certeza que tenho de que continuarei sempre escrevendo cartas para ele, sei que, quando nos encontrarmos novamente, novas notas soarão e a nossa música vai continuar tocando. No que depender de mim, essa linda canção nos acompanhará por toda a eternidade.

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sábado, 12 de novembro de 2016

ESTADO IRREVERSÍVEL

Querido filho, descobri que mãe é um estado irreversível. Depois que o gestei, nunca mais voltarei a ser quem eu era antes, mesmo que não estejamos fisicamente juntos. Entendi que a maternidade começa com o estímulo que o filho cria na mulher, ao requisitar que ela se provenha dos sentimentos necessários para recebê-lo e ampará-lo. Mas, quando esse processo interno é disparado, ganha autonomia e segue uma direção própria, que nem a ausência do filho pode mais interromper ou fazer regredir.

Independentemente de poder ou não colocar você no meu colo, ainda tenho um grande motivo para festejar: o fato de você ter despertado dentro do meu coração o amor mais puro que já senti e que continua me acompanhando após sua partida. Esse motivo sozinho é suficiente para preencher uma existência inteira.

Que honra poder criar uma vida e sentir o impulso de nos aperfeiçoarmos, para oferecer ao filho algo além de tudo o que já possuímos. Mãe gera, alimenta, protege, ensina, apoia, zela, defende, cuida... Enfim, ninguém poderia ganhar um tesouro maior do que a chance de exercer tarefas tão sublimes. Deus é realmente formidável! Que ideia genial essa que Ele teve de emprestar seus filhos para que, através da transitória experiência de sermos filhos uns dos outros (sem deixarmos de ser todos filhos Dele), possamos conhecer a Sua imensa felicidade! Sou grata a Deus por ter me dado essa inigualável oportunidade, e também a você, que foi o veículo por meio do qual pude aproveitar o divino presente que se encontra à disposição de todos aqueles que desejarem desempenhar a função de estagiário no cargo de Criador.

Os benefícios da maternidade são tão vastos, que eu gostaria de poder enviar um recado aos meus semelhantes, afirmando que não há nenhuma razão para ter medo. Os filhos jamais nos causarão danos. Eles podem, sim, nos trazer, muitas vezes, desassossego e cansaço devido aos intensos trabalhos mentais que precisaremos realizar para lhes dar educação, e também para aceitar a possibilidade de morrerem antes de nós. Um filho travesso obriga seus pais a desenvolverem a tolerância, um filho introvertido compele seus pais a cultivarem a discrição, um filho ingrato força seus pais a adquirirem confiança em seus próprios valores, um filho que morre antes de seus pais lhes impõe a necessidade de combater o egoísmo. De modo que todos os sofrimentos que porventura venhamos a suportar por causa de um filho nunca serão prejuízos, mas apenas episódios com o potencial de corrigir nossos defeitos e aprimorar nossas virtudes.

Você foi embora rápido e, por ter se despedido tão cedo, mostrou-me muitas coisas que eu precisava superar e aprender. Que generosidade a sua ter ficado aqui por um curto período, mas ter deixado para mim um bem permanente. Você me transformou numa pessoa mais forte.

Um beijo afetuoso da mamãe,

Flavia Camargo.

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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

OUTROS ENCONTROS

A página do grupo Do Luto à Luta: Apoio à Perda Gestacional e Neonatal publicou mais uma carta que escrevi para o Igor.

"Querido filho,
O meu costume de pensar em você com ternura, recordando as maravilhosas semanas que passamos juntos, alimenta o desejo de que essa felicidade experimentada no passado possa vir a se repetir no futuro. É uma consequência inevitável imaginar que um amor tão forte como esse promoverá, entre nós, outros encontros. E quando lanço meus pensamentos para o dia longínquo em que iremos nos rever, questiono-me se serei capaz de notar que meu maior sonho está se realizando.
Sinto que nossos corações se buscam e, portanto, viver novas experiências ao seu lado parece algo natural. Porém, é provável que eu não perceba que desfrutar da sua companhia foi uma oportunidade esperada por tanto tempo. Então, existe a chance de que um acontecimento de imensa importância não seja estimado da forma como seria, se eu tivesse condições de entender a honra que significa ter uma pessoa querida ao meu alcance.
A atividade de refletir sobre essas questões relativas aos mistérios do amanhã me proporcionou um ótimo aprendizado. Se estar contigo mais uma vez é a melhor coisa que pode me ocorrer e, apesar disso, talvez eu não tenha consciência do valor desse presente quando ele chegar, então os relacionamentos que tenho hoje com as pessoas que estão perto de mim também podem ser dádivas pelas quais estou aguardando há séculos.
Dessa forma, sua passagem pela minha vida concedeu-me o dom de transformar o que era trivial em um verdadeiro privilégio. Conquistei o poder de ampliar a alegria que cada um dos meus vínculos afetivos me oferece. E também passei a tomar cuidado para que minha conduta seja condizente com o tamanho do bem que possuo e que, agora, revela-se muito mais precioso.
Você me fez conhecer um sentimento que eu nem suspeitava existir. É ele que me ensina a viver com sabedoria e amenizar a saudade. O ganho é tão grande, que ele mantém sua presença em todos os momentos. Assim, vou caminhando até onde você está, cheia de lições que pretendo lhe entregar, as quais você me ajudou a colher.

Um beijo com afeto da mamãe,
Flavia Camargo.
21/08/16"

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domingo, 30 de outubro de 2016

terça-feira, 25 de outubro de 2016

NOVO TIPO DE AMOR

Como me vejo impedida de colocar meu bebê no colo, esfregar meu nariz na sua bochecha, embalar seu sono, sentir sua respiração fazendo cosquinha no meu pescoço, estou sendo obrigada a conhecer um novo tipo de amor. Mesmo tirando de mim algo que tanto queria, a natureza me estendeu com a outra mão um novo presente. Agora estou aprendendo uma forma de amor que nunca precisei exercitar antes.

Quando não se tem o ente querido por perto para falar com ele e lhe dar carinho, o que resta fazer? De que outra forma o amor pode se expressar? Como lhe dar vazão? É possível realizar o amor na ausência do objeto ao qual ele se destina? Certamente que sim. Mas dificilmente o realizamos com esse desapego, quando podemos praticá-lo da forma mais fácil. A morte do meu filho veio me trazer um aprendizado muito valioso: o aprendizado sobre a forma genuína como o amor sempre deveria ser.

Uma coisa que notei é que as circunstâncias fáceis da vida atrapalham o desenvolvimento pleno do amor, uma vez que propiciam a vinculação do sentimento a várias condições. Assim, sem percebermos, quando temos o direito de fazer exigências, acabamos cedendo ao impulso de condicionar nosso amor pelo outro ao fato de ele nos amar com a mesma intensidade, fazer o que mandamos, ter pensamentos iguais aos nossos etc. Mas, quando a pessoa que a gente ama morre, não podemos mais fazer nada disso e, então, conseguimos amá-la da forma mais pura que existe: incondicionalmente. Não temos mais opção de amar de outro jeito. Ou amamos assim, ou não amamos, porque a pessoa que morreu, simplesmente, não pode mais atender nossas expectativas. E se formos capazes de a continuar amando, depois disso, conhecemos o verdadeiro amor!

Mesmo sabendo que o Igor nunca vai me chamar de mamãe, nunca vai me dar um sorriso, em retorno ao sentimento que lhe dedico, nunca vai me dar um presente no dia do meu aniversário, nada disso tem importância e nenhum motivo no mundo é capaz de me fazer deixar de amá-lo. Ele não precisa fazer mais nada, além do fato de ter vivido 33 semanas dentro de mim, para ser o alvo do meu amor eterno. Com a sua morte, descobri que, para amar uma pessoa, não precisamos possuí-la, e todos os dias sou forçada a cultivar meu amor, sem depender da presença da pessoa a quem o sentimento se dirige. Eu nunca havia experimentado um amor assim. Por mais difícil que seja praticá-lo, sinto que nunca amei tanto! E nunca amei de forma tão sincera!


Então, constatei que, algumas vezes, quando a vida é dura conosco, podemos aproveitar a experiência para adquirir uma nova habilidade. Percebendo que eu não havia apenas perdido, já que a morte também me trouxe ganhos, consegui encontrar mais um motivo para voltar a me sentir feliz.

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sábado, 15 de outubro de 2016

DIA INTERNACIONAL DA SENSIBILIZAÇÃO À PERDA GESTACIONAL E NEONATAL

Algumas pessoas não sabem, mas 15 de Outubro é DIA INTERNACIONAL DA SENSIBILIZAÇÃO À PERDA GESTACIONAL E NEONATAL. Data criada há pouco tempo. O que significa? Por que cria-la? Era necessária?

Até este fato ocorrer comigo, realmente não costumava pensar nele. E por isso, não sabia como agir diante de uma pessoa, quando sabia que ela tinha passado pela experiência. Era uma situação constrangedora para todos.

Ao estar do outro lado, descobri o quanto é importante viver numa sociedade educada para lidar com acontecimentos assim. Pois, quando a morte de um feto ou bebê é tabu e ninguém quer falar nem ouvir sobre a dor dessa partida precoce, a solidão é um problema adicional ao sofrimento que já se sente com a saudade.

Se nos permitirmos lembrar que esses tristes episódios acontecem, refletir sobre eles, interessarmo-nos em ler a opinião de quem os experimentou, saber quais são suas necessidades e como gostariam de ser tratados, haverá muito mais acolhimento, auxiliando seu processo de recuperação e reconstrução da vida.

Aderindo à campanha #compartilhesuasmemórias, recordo da minha gravidez que durou 33 semanas de muito amor! Difícil escolher uma memória dentre tantas que preenchem esse período. Mas vou mencionar um momento que me deixava feliz e que se repetia várias vezes: despertar pela manhã e imediatamente notar que o Igor já tinha acordado antes de mim, pois sem que tivesse tempo de abrir os olhos já percebia que ele estava dando cambalhotas, fazendo minha barriga tremer. Nunca haverá jeito de acordar melhor do que esse! Um abraço especial às mães e pais que se despediram de seus filhos.

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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

ARCO-ÍRIS

Saíram as fotos da campanha #arcoiris_dolutoaluta da qual tive a alegria de participar e que foi realizada com o objetivo de mostrar que a perda pode ser ressignificada. Quando um arco-íris aparece, não quer dizer que a tempestade nunca aconteceu. Mas revela que algo bonito e cheio de luz pode surgir depois de um momento difícil.

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domingo, 25 de setembro de 2016

NO FUNDO DA ALMA

Fecho meus olhos para poder te ver
Fico calada para poder te falar
Fico quieta para poder me mover
no caminho que me leva a te encontrar

Apenas dentro de mim eu te tenho
Apenas em pensamento eu te abraço
Por isso é que sempre aqui eu venho
no fundo da alma buscar nosso laço

Graças a você ganhei esta habilidade
de inverter as funções dos meus sentidos
Na dor sinto gosto de felicidade
Do silêncio faço música a meus ouvidos

O nosso amor é meu maior presente
É ele que me protege da solidão
Com ele pouco passa a ser suficiente
Para sorrir me basta a sua recordação

Sonhar com você me agrada e me revigora
Não imaginei que podia amar tanto assim
Aprendi que a vida é mais que o agora
pois quando se ama o tempo nunca tem fim

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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

MARIE CLAIRE

Essa reportagem da Marie Claire é resultado do esforço do Grupo Do Luto à Luta de mostrar que a perda gestacional e neonatal deve ser tratada com mais respeito. O trabalho é enorme! Precisamos mudar a mentalidade coletiva sobre esse tema. A sociedade, em geral, banaliza a dor que se sente pela morte de um bebê. Com base na falsa crença de que não seria possível existir um vínculo forte com aquela vida, já que ela ainda estava "só" no início, muitos médicos não tomam os cuidados que seriam necessários para amparar mães e pais que passam por essa experiência, submetendo-os a um tratamento desumano, que poderia ser evitado com a mudança do protocolo e a adoção de certas medidas.
Isso é só uma parte do problema. O desamparo começa já desde o hospital, mas depois se estende para os próximos ambientes que o casal vai frequentar quando recebe alta. Parentes lhes dirigem as piores palavras, supondo serem reconfortantes.
Dizer a uma mãe cheia de amor pelo seu bebê que foi melhor ele ter morrido logo nos primeiros dias do que depois de alguns anos faz tanto sentido quanto dizer a uma pessoa cheia de fome que foi melhor seu alimento ter caído no chão logo nas primeiras mordidas do que depois de já ter saboreado uma grande parte da refeição. Ninguém pensa que a fome de quem comeu pouco é menor que a fome de quem comeu muito. Entretanto, existe o lamentável engano de que a dor dos pais que tiveram negada a chance de conviver com o filho é menor que a dor dos pais que conseguiram desfrutar desse convívio por algum tempo.
A pressa em oferecer consolo cria frases que apunhalam uma ferida aberta, fazendo-a doer ainda mais. Diminuir a importância dos nossos filhos não ajuda. Pelo contrário! Piora a situação. O que traz verdadeiro conforto é sentir que amigos e familiares reconhecem que eles possuem o mesmo valor que os filhos das outras pessoas, independente da idade! Essa é a melhor forma de consolar: legitimar nossa maternidade e paternidade, compreendendo que o vínculo que temos com nossos filhos é tão profundo quanto o vínculo de qualquer pai ou mãe do mundo com os seus, seja lá quanto tenha durado essa relação.
E vamos continuar levantando a bandeira até chegar o dia em que a sociedade seja capaz de entender que todos os filhos são igualmente especiais e insubstituíveis. Tomara que os manifestos de hoje permitam que no futuro ninguém precise passar pela solidão que tantos experimentam agora, ao verem seu sentimento menosprezado justamente por quem queria lhes acolher, mas acaba causando efeito contrário, por não saberem como fazer isso.
http://revistamarieclaire.globo.com/Noticias/noticia/2016/08/do-luto-luta-maes-que-perderam-bebes-depois-do-parto-reivindicam-tratamento-digno-em-hospitais.html

terça-feira, 16 de agosto de 2016

PORTA DE ENTRADA

Vejo a gravidez como um túnel por onde se viabiliza a travessia da vida, para que os indivíduos tenham nova chance de continuar se desenvolvendo. Portanto, sinto que nasci para ser mãe, por compreender que essa missão constitui a forma mais genuína de me colocar à disposição do semelhante, transmitindo para ele os bens que já alcancei. Se cada um que alcançar uma virtude consagrar-se a ensinar o caminho dessa conquista aos demais, em algum momento, todos poderão ser proprietários da riqueza universal.

Por causa dos mesmos motivos que me fizeram querer ser mãe, aceito a morte de um filho, já que não considero que ele me pertença. Eu e ele somos partículas divinas, com a única obrigação de praticarmos entre nós o amor e a bondade. Quero ser mãe, não porque desejo alguém para me suprir e atender, mas porque desejo sinceramente servir e ajudar. Filho para mim nunca foi sinônimo de posse. É apenas um ser humano ao qual gostaria de me dedicar, dando-lhe meu carinho, meu tempo, minha atenção, meus cuidados e meus conhecimentos. Então, quando me vi tendo que vivenciar o falecimento do Igor, a recordação desses sublimes ideais foi o amparo que evitou a minha queda.

Se meu útero é apenas uma porta de entrada para este mundo, se ele é apenas um canal para que a vida continue viajando de um lado para o outro, não posso me enganar com a ilusão de que tenho algum controle sobre o fluxo dessa viagem. A vida não está nas minhas mãos, ela está sob o comando das leis da natureza. O máximo que posso fazer é deixar minha porta aberta, ou fechada, para permitir ou impedir que a navegação ocorra através de mim. Quem vai passar por esta porta que abro, ou se a pessoa que passará por ela vem para me fazer uma visita curta ou prolongada, já não é algo que esteja sob o meu domínio. 

Eu sempre soube que seria assim que funcionariam as regras do jogo, e quis assinar o contrato consciente do que estabelecem suas cláusulas. Então, reclamar de quê, quando a natureza simplesmente está exercendo a sua autoridade? Sempre foi ela mesmo que esteve no poder, e eu aceitei me submeter aos seus desígnios com humildade. Constitui uma atitude de sensatez comportar-se com resignação, diante das forças que são superiores à nossa. Da natureza não se pode exigir nada, apenas se deve obedecer e respeitar.

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domingo, 14 de agosto de 2016

DIA DOS PAIS

Pai também é um estado irreversível. 
Feliz Dia dos Pais!


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Entrevista do Pai Bernardo realizada pelo grupo Do Luto a Luta:

Conte um pouco da história da perda gestacional. Como aconteceu?

R: O meu filho Igor nasceu no dia 07/01/2015, e viveu por 4 dias. O seu nascimento ocorreu de maneira prematura devido a complicações na gravidez da minha esposa que foram resultantes de um quadro de síndrome de HELLP. Nesse período a saúde dela também esteve muito precária devido a uma hemorragia que quase resultou em sua morte. Durante esse período eu observei duas pessoas queridas lutando pela vida, uma delas faleceu, mas a minha esposa conseguiu superar as dificuldades e sobrevive.

Como você chegou até o grupo Do Luto à Luta? Como soube da nossa existência?

R: Foi através da minha esposa que pediu que eu a acompanhasse em uma das reuniões realizadas pelo grupo.

Você acredita que estamos fazendo um trabalho de educação para a morte? De que forma?

R: Sim, observo que esse trabalho de educação para a morte tem sido efetivo. Penso que se deve ao fato do grupo levar aos enlutados e, principalmente a pessoas próximas a eles, reflexões sobre o significado da morte e seu impacto nas relações humanas. A maioria das pessoas somente pensa em morte no momento em que perdem um ente querido, e esse é um dos piores momentos para se refletir sobre o significado de vida e morte. Ao abrir para um público mais amplo reflexões sobre a morte através de encontros, palestras, entrevistas e usando as redes sociais, é possível fazer as pessoas pensarem sobre morte antes que ela aconteça. No entanto, eu observo que é comum que as homens e mulheres pensem que isso nunca vai acontecer com eles. Quando acontece é um choque com a realidade. A maior dificuldade é fazer o ser humano compreender que tem que se preparar para todos os aspectos de sua vida, inclusive a morte. Penso que os brasileiros ainda não se deram conta disso, e no final acabam aprendendo da pior maneira possível.

Qual o seu maior interesse e motivação no nosso projeto?

R: O meu maior interesse é apoiar a minha esposa a participar dos encontros e atividades do Luto à Luta. Eu observo que quando ela participa das atividades ela tem a oportunidade de ajudar e ser ajudada. E sempre que possível eu procuro comparecer às atividades do grupo. Sempre que participei eu percebi que saí sabendo um pouco mais sobre como lidar com a perda neonatal.

De que forma acredita que está beneficiando e sendo beneficiado pelo projeto?

R: O maior benefício que eu observo para a minha vida foi o de consolidar reflexões importantes sobre o meu conceito de vida. A certeza de que estamos numa jornada de luta em direção a um ser humano mais consciente de suas responsabilidades na sociedade. E o aprendizado de que são nos momentos de maior sofrimento e adversidade que o ser humano consegue encontrar dentro de si os tesouros mais preciosos para superar todas as dificuldades. E a maneira que penso poder beneficiar o semelhante é simplesmente contando como foi que transformei um momento de tristeza em um de aprendizado. Na minha concepção de vida o ser humano está na Terra para aprender, e todas as experiências que vivemos devem ser encaradas dessa forma.

De que maneira acredita que a nossa parceria pode contribuir para um maior cuidado com a perda gestacional?

R: Penso que é importante existir um espaço de liberdade para que possa existir um diálogo amplo e saudável. A orientação de profissionais é importante para que isso possa ser realizado. Sendo importante sempre lembrar que cada um deve contar como viveu ou está vivendo a experiência de perda gestacional sem criticar o que o outro viveu. É a própria pessoa que deve identificar na conduta do outro o que poderá beneficiá-lo ou não em seu processo de lidar com a dor da perda.

O que diria aos pais que acabaram de vivenciar a perda gestacional?

R: Os primeiros momentos são muito difíceis, especialmente porque vivemos numa sociedade que esconde debaixo do tapete o tema morte. E quando ela surge a maioria das pessoas está totalmente despreparada. O meu conselho é primeiro identificar em si se existe a capacidade de lidar sozinho com essa perda, e se não for o caso, procurar ajuda. O grupo do Luto à Luta existe justamente para isso. Mas também pode ser necessária uma ajuda realizada mais de perto por um profissional da psicologia. Depois de passada essa fase inicial de dor eu recomendo um estudo detalhado de temas importantes ligados à própria vida interna. O ser humano vive para o externo, mas esquece que existe um mundo interno que deve ser explorado e descoberto. Muitas vezes são nesses momentos de dor aguda que o ser humano identifica dentro de si a importância de realizar um caminho de evolução espiritual.


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terça-feira, 9 de agosto de 2016

NÃO HÁ FINAL


Você passou por mim como um lampejo
Uma luz que continua a me acompanhar
O tempo voa e mesmo assim eu vejo
O seu brilho que jamais vai se apagar

Depois que você esteve aqui tudo mudou
Não sou mais quem eu costumava ser
Mesmo breve sua passagem me marcou
É simplesmente impossível te esquecer

Você chegou e foi logo me dando tchau
Revelando o valor que cada segundo tem
Com sua partida aprendi que não há final
Para o sentimento que temos por alguém

O amor é mais forte do que se imagina
Tem o poder de eliminar uma ausência
Quando a gente ama o vínculo não termina
É ele que eterniza em mim a sua existência
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domingo, 31 de julho de 2016

PALESTRA NO G.A.M.E.

E assim foi a palestra no G.A.M.E. em 27/07/16. Uma noite de muita LUZ! Sou grata pela oportunidade de dar e receber carinho. Espalhar o bem para os que estão à nossa volta é uma bela maneira de homenagear nossos filhos. Eles partiram na frente, deixando nossos corações cheios de amor. Nada melhor que usar este sentimento em favor de nossos semelhantes!

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quarta-feira, 20 de julho de 2016

G.A.M.E.

Aceitei a oportunidade que me foi gentilmente oferecida pelo G.A.M.E. para contar minha história com o Igor e a criação do livro Quatro Letras. Será dia 27/07/16. Todos estão convidados a assistir!

segunda-feira, 18 de julho de 2016

PRESENTE DE DEUS

Tive a oportunidade de escrever, no blog do grupo "Do Luto à Luta", um pouco mais sobre a minha experiência como mãe do Igor:

(https://dolutoalutaapoioaperdagestacional.wordpress.com/2016/06/15/filho-e-um-presente-que-deus-empresta-pra-gente/)


“Assim como as demais mulheres, fiquei grávida, sem ter precisado fazer nada para criar aquela vida, a não ser o pequeno trabalho de permitir que um dos meus óvulos fosse fecundado. PARTICIPAÇÃO MÍNIMA na formação de um novo ser, que praticamente se construiu sozinho. Ele mesmo começou a se multiplicar, cresceu, produziu seus próprios órgãos… Não tenho a menor ideia de como se fabrica uma orelha, muito menos um osso, um pé, um sistema linfático e cada uma das partes que o compunham. Mas ele estava lá, inteirinho, perfeito, com tudo funcionando, para a minha felicidade. E de forma gratuita!
Devido à hemorragia que sofri no oitavo mês da gestação, foi necessário fazer o parto às pressas. E, então, de repente, eu tinha um filho!!! Um corpo individual e autônomo, vivendo em algum lugar por aí. Não sei se as outras mães também sentem isso. Mas, como meu parto foi atípico, porque ele nasceu sem respirar, precisando ser levado com urgência para os procedimentos de reanimação, não pude vê-lo. E, por causa disso, fiquei com a impressão de que ELE NÃO ERA MEU.
Abriguei um volume na barriga durante algumas semanas, que se mexia e me mostrava, com seus movimentos, que tinha alguém comigo. Mas, como não podia tocá-lo com minhas mãos, nem vê-lo com meus olhos, era uma presença VIRTUAL. Depois, sumiu! Foi tirado sem que eu, novamente, participasse da remoção. O peso que me acompanhava se transformou em vazio. A VIRTUALIDADE de sua existência ficou, portanto, ainda maior.
Em razão da gravidade do nosso estado de saúde, ele precisou ser internado na UTI neonatal e eu na UTI materna. Durante os quatro dias que ficou vivo, dezenas de metros e paredes distante do meu alcance, familiares me traziam notícias suas. Deitada na cama, ouvia meus parentes se referirem ao bebê que eu havia gerado, sem conseguir assimilar tal afirmação. Como assim eu tinha um filho, se não participei de nenhum detalhe de seu nascimento, desde o instante em que os materiais genéticos se fundiram até o instante em que ele saiu do útero? Imaginava-o dentro da incubadora, sem acreditar que era real. O modo como os fatos aconteceram dava-me a sensação de que O PROCESSO DE SUA VIDA havia se dado À MARGEM DE MIM.
Toda vez que pensava no meu filho, só conseguia me perguntar: de onde ele veio? Como foi parar aqui? Era óbvio que EU NÃO O HAVIA FEITO. EU O HAVIA GANHADO. Ser mãe não me causava qualquer sentido de posse, porque sua concepção, do início ao fim, transcorrera de forma totalmente ALHEIA À MINHA INGERÊNCIA. Depois, ele faleceu, enquanto eu ainda permanecia impossibilitada de ir ao seu encontro. Assim, tanto a nossa separação abrupta, quanto a circunstância de nunca termos sido apresentados um ao outro, foram eventos que consolidaram a certeza que sempre tive de que NÃO SOU SUA DONA.
Questiono se me sentiria diferente, caso a gravidez tivesse terminado do jeito tradicional. Se ele tivesse saído do meu interior e vindo direto para o meu colo, será que eu pensaria que ele me pertence? A maneira como tudo ocorreu tornou muito clara a compreensão de que ele não é meu filho. ELE É FILHO DE DEUS (ou da Natureza). A Inteligência Universal é a responsável pela organização da matéria que nos dá origem. Ela é a verdadeira mãe de todo mundo. Quando engravidei, não me tornei proprietária do Igor, mas apenas alguém que recebeu o privilégio de passar algum tempo na sua companhia. Saber disso não diminui o valor que ele tem. Pelo contrário, aumenta esse valor, porque traz a consciência do quanto a oportunidade de os seres humanos estarem juntos é especial!”