sexta-feira, 27 de maio de 2016

CONVITE ESPECIAL

Os pais de filhos que morrem cedo ganham um convite especial, que poucas vezes temos oportunidade de receber. Somos convidados a olhar para dentro e reformular nossos conceitos, para podermos refazer nossa identidade, de uma forma mais sólida, mais madura, mais consciente. Esse processo de autorrecriação ocorre como consequência de precisarmos atribuir novo sentido às coisas que sobraram, após o deslocamento do eixo central de nossa vida. Se nosso tempo não será mais preenchido com as tarefas relacionadas ao filho que partiu (não vamos mais alimentá-lo, acariciá-lo, brincar com ele), devemos ocupar nossas horas diárias com algo que tenha uma importância idêntica, ou pelo menos, semelhante.

Não é nada fácil extrair de outras atividades a mesma satisfação que nos proporcionava a troca de afeto com aquela pessoa tão querida. Mas, diante da necessidade de fazer malabarismo, para não sucumbir dentro do vazio que nos esmaga, acabamos sendo levados ao encontro daquilo que finalmente nos devolve a felicidade. Quando nosso recolhimento nos conduz até o âmago de nosso espírito, recuperamos a capacidade de experimentar a alegria que havia desaparecido junto com quem partiu. No sofrimento, somos despedaçados. Mas, através do trabalho de reunir nossos caquinhos, surge a chance de sentir mais uma vez o prazer que sentíamos, quando nosso filho estava por perto.

Afinal, entendo que o grande prazer de ser mãe (ou pai) provém do fato de estarmos criando uma vida. Um filho, sem dúvida, é uma vida que ajudamos a criar. Porém, não é a única forma que está à nossa disposição para sermos criadores. O buraco que o filho deixa em nós, quando morre, concede a oportunidade de criar outra vida: a nossa própria. Uma vida que parecia ter chegado ao fim e agora recomeça. Se a dor serviu para mostrar quais eram nossos pontos vulneráveis, graças a ela passamos a saber onde podemos nos corrigir.

Aprender a amar a si mesmo, assim como se amava o filho, é um caminho viável para quem deseja ser feliz novamente. E quando conquistamos esse amor, o carinho empregado na construção de nosso novo “eu” tem o potencial de gerar uma alegria incomparável, pois percebemos que nosso filho nos transformou em uma pessoa melhor.


segunda-feira, 23 de maio de 2016

NOSSA FAMÍLIA VETORIZADA

Lucas, criador da página Poesia Vetorizada, é um artista genial! Concentra talento e sensibilidade profunda numa só pessoa. Pedi que nos desenhasse e ele conseguiu alcançar o significado que o Igor tem em nossa vida, simbolizando-o de uma forma super delicada (um sentimento que floresce todos os dias). Parabéns pelo maravilhoso trabalho!



domingo, 22 de maio de 2016

SEGREDO DA FELICIDADE


Pessoas que têm pais exigentes e atenciosos sabem o quanto costumamos reclamar, enquanto somos crianças, de sentirmos a severidade com que eles nos tratam, cobrando disciplina e organização. Mas, ao nos tornarmos adultos, somos capazes de perceber que toda aquela firmeza era prova de seu amor por nós. Então, em vez de continuarmos reclamando, passamos a agradecer por terem se interessado tanto por nossa educação.

Afinal, muito mais fácil teria sido deixar-nos soltos. E caso tivéssemos vivido uma infância abandonada (como queríamos, por ignorância de suas consequências negativas), não teríamos desenvolvido tantas qualidades que contribuem para o sucesso da nossa vida. O rigor de nossos pais foi o estímulo para que adquiríssemos essas virtudes. Então, da mesma forma, deveríamos ver as dificuldades que aparecem no percurso da nossa existência como um bem, pois elas nos orientam para sermos mais fortes, sensatos, etc.

Segundo esse raciocínio, vejo que a experiência difícil que passei não foi uma palmada injusta proferida por um pai perverso, mas, pelo contrário, um caminho através do qual o universo me ensinou o segredo da felicidade. Se procuro a felicidade no lugar errado, e as circunstâncias não me mostram que não é ali que ela fica, nunca vou descobrir onde a felicidade realmente está. A situação que vivi me ajudou a entender que a felicidade não se encontra nas coisas efêmeras. Ela deve ser buscada no que é eterno, pois só assim alcançamos a garantia de que nunca a perderemos.

Se acredito que a presença física das pessoas que amo é a responsável por me dar alegria, estou me expondo a sofrer, porque nossos corpos não duram muito tempo. Mas, se aprendo que a felicidade reside nos dons permanentes do espírito, protejo-me do vazio, pois sei que o meu amor pelas pessoas é que constitui meu verdadeiro bem. Assim, mesmo que ocorra a partida física da pessoa amada, o amor que sinto por ela continuará me acompanhando. Ao encontrar dentro de mim os motivos para ser feliz, posso me sentir bem, perto ou longe de quem amo, porque os seres humanos não precisam do elo material para prosseguirem unidos espiritualmente.

sábado, 21 de maio de 2016

CAMPANHA FOTOGRAFICA MAIS AMOR POR FAVOR

Tivemos a honra de participar da campanha fotográfica realizada pelo grupo Do Luto à Luta: Apoio à Perda Gestacional e Neonatal para sensibilizar a sociedade sobre a importância do nosso amor pelos filhos que perdemos, independente da idade que eles tinham.


www.facebook.com/quatroletrasflaviacamargo

terça-feira, 10 de maio de 2016

BATE PAPO

No dia 29 de janeiro de 2016, participei da exibição do documentário O Segundo So (de Rafaella Biasi e Fabrício Gimenes) no Auditório da CAARJ, seguido de um bate-papo com a participação dos idealizadores do documentário, junto com a fundadora do Grupo Do Luto a Luta: Apoio a Perda Gestacional e Neonatal  (Larissa Rocha) e uma representante do Instituto Entrelaços (Silvana Aquino). Falamos sobre o luto materno e paterno, e várias questões que envolvem a perda de um filho.

Agora você pode assistir ao bate papo no youtube, clicando no link abaixo. Minha participação se encontra entre os minutos 35 e 41 do vídeo. Espero que gostem!

domingo, 8 de maio de 2016

DIA DAS MÃES

Querido filho, hoje é dia das mães. Portanto, é meu dia também. Para mim, é uma grande honra fazer parte deste grupo. Obrigada por ter me colocado dentro dele.
Há um monte de mães no mundo. Algumas vão passar a data almoçando ou passeando com os filhos. Outras só vão poder falar com eles ligando pelo telefone ou se conectando pela Internet. E tem aquelas que, como eu, vão se conectar pelo pensamento. Ahhhh... este é um meio de comunicação incrível!
O ser humano inventou diversos aparelhos altamente tecnológicos para facilitar a aproximação entre as pessoas. Temos celulares, computadores, satélites, etc. Todavia, nenhum faz contato com o lugar onde você se encontra. Em casos como o nosso, o equipamento precisa ser mais sofisticado.

Ainda bem que, para esse tipo de situação, Deus nos deu a mente, a consciência e a sensibilidade. Com tais recursos, podemos ir a qualquer ponto (do tempo e do espaço) que desejarmos. Além de serem ferramentas de longo alcance, também são gratuitas.
Agora é meu segundo dia das mães. Apesar de ser um pouco nova nisso, já experimentei algo que as mulheres só costumam experimentar após vários anos de maternidade: o difícil momento de ver o filhote bater as asas.
Muito cedo, você voou do ninho para ganhar a imensidão. Eu te vi partir com lágrimas nos olhos. Mas tenho ‪uma boa notícia. Enquanto você viaja, eu fico aqui sonhando com as lindas paisagens que te cercam. Que meu amor por você seja sempre as flores que enfeitam o seu caminho.